Nasci na Polónia em 1985. Quatro anos depois, os meus pais, comigo e o meu irmão, decidiram mudar-se. Primeiro para Espinho, cidade pela qual ainda nutro sentimentos de pertença, e, posteriormente, para a maravilhosa cidade do Porto, que rapidamente se tornou casa. De tal forma Portugal nos acolheu que, após ter procurado continuar a desenvolver-me profissional e pessoalmente em vários sítios da Europa, entre 2013 e 2018, tomei a decisão de regressar e estabelecer-me no Porto.
Educado entre referências polacas, portuguesas e inglesas, foi-me dada uma infância rica em vivências, com influências diversas a nível artístico e cultural. Filho de músicos, aos oito anos decidi que seria o Piano a preencher o meu tempo, imaginação, ambições e gostos durante mais de quinze anos. Simultaneamente, o contacto com a orquestra da qual a minha Mãe fazia parte, hoje conhecida por Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, foi-me despertando a curiosidade que se provou incessante em anos posteriores, fazendo-me enveredar pelo mundo da direcção e liderança musical.
Consta que sou um maestro e músico versátil. Neste espaço que pretendo que seja o mais transparente possível, procuro partilhar as minhas razões. Creio que tanto as experiências com que me deparei fortuitamente no meu percurso, como muitas outras que procurei activamente, levaram a formas de pensar e a um leque de ferramentas que podem explicar essa versatilidade.
Apaixona-me o palco. Enquanto espaço de comunhão, de representatividade, de energias que emana ou sinergias criadas nele, dependendo de quem o habita. Graças a colaborações com teatro, dança, cinema, projectos educativos e comunitários enquanto pianista e maestro passei a encará-lo com a curiosidade que não condizia com os papéis que naturalmente me eram atribuídos. Em determinados momentos fui desafiado ou desafiei-me a estar em palco de formas inesperadas. Assim fui despertando o gosto por palavra, movimento, dramaturgia, tendo adquirido algum conhecimento técnico, e desenvolvendo, acima de tudo, empatia com outras áreas criativas que não a música. Anteriormente, muito pela parte da educação musical recebida em casa e uma inclinação por trabalhar com voz enquanto jovem pianista, tinha já desenvolvido um interesse especial pelo mundo operático que engloba todos estes conceitos na sua plenitude.
Sinto haver poucas coisas mais impactantes para uma mente ou coração do que uma história bem escrita, uma dramaturgia bem construída, uma narrativa bem contada. Transporto esta abordagem para a interpretação de repertório orquestral e coral-sinfónico, quer convencional, quer contemporâneo, acreditando também que esta nunca deve ser igual, tanto pelas pessoas envolvidas, como pelo espaço de apresentação ou pelo público presente.
Nem sempre tendo sido o caso, passei a ser ecléctico no que a interesses concerne, sendo a curiosidade e o desafio características que cada vez mais faço questão que me definam. Movem-me tanto o Barroco como a criação dos nossos dias, passando pelo período Clássico, Romântico e todas as correntes Modernistas do Século XX. Sou um ávido ouvinte de variados estilos musicais, contemporâneos, antigos, dos primórdios do Jazz ao seu experimentalismo contemporâneo, da imensidão do que o Rock representa à música electrónica, da poesia dos cantautores portugueses ou polacos aos sons incríveis das várias tradições musicais de lugares longínquos. Entusiasma-me cruzar estas fronteiras de diversos géneros musicais com o mundo chamado erudito. Apesar de referir estilos e fronteiras, afirmo-me apologista em abolir a categorização redutora dos vários estilos musicais a que estamos tão vinculados. Acredito no enriquecimento musical constante através da exposição a universos sonoros diversos, tanto na prática interpretativa como na educação musical e formação de públicos.
Importa-me o desenvolvimento de novas possibilidades na arte de direcção, reflectir sobre a figura do maestro e os significados de liderança artística na sociedade e meio musical contemporâneos. Apaixona-me a pesquisa artística cruzando formas diversas de criação, habitando espaços diferentes dos que seriam à partida os esperados. Acredito que uma educação sólida e diversificada deve também estimular a capacidade de adaptação, improvisação, criatividade, e curiosidade, tanto a nível artístico como a nível de liderança e comunicação. As céleres mudanças tecnológicas e ideológicas com que nos deparamos colectivamente obrigam-nos constantemente a repensar modelos há muito instituídos, a nível de práticas interpretativas, educacionais ou culturais.
Esta apresentação e restante conteúdo partilhado não seriam possíveis sem a influência indelével de várias pessoas no meu percurso. Dos professores, artistas de vários géneros, família, programadores, amigos, colegas ou pessoas de encontro fortuito que partilharam música, palco, ensaio, prosa, poesia, fotografia, estética, influenciando, assim, a reflexão sobre as mesmas. Seria demasiado extenso listar cada pessoa. Com mais presença ou menos, fazem todos parte de uma pessoa que olha para o passado com regularidade e carinho, descobrindo pormenores novos em memórias, que ganham vidas e significados diferentes ao serem revisitadas. É também necessária uma menção aos fotógrafos talentosos que em tantos momentos me captaram e cujo trabalho aqui partilho com muita alegria e orgulho.
Seria injusto não referir a importância de algumas instituições, tanto na formação como na confirmação de um caminho que por agora não se afigura ter destino mas é percorrido de forma determinada: a Fundação Gulbenkian que tanto me apoiou nos primeiros anos de desenvolvimento com a sua generosa Bolsa; as várias escolas que frequentei, desde o Conservatório de Música do Porto, à Academia Nacional Superior de Orquestra, em Lisboa, o Royal Northern College of Music, em Manchester e à Franz Liszt Hochschule für Musik, em Weimar; as várias orquestras e ensembles com que trabalhei e trabalho, que fizeram e fazem parte de uma constante aprendizagem sobre música, vida e partilha; a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo que após ter sido casa para um estudante, passou a sê-lo para um professor, 10 anos mais tarde; ao Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa que me acolheu e ajudou na busca por uma identidade.
Após esta apresentação mais pessoal, convido-vos a conhecerem o meu percurso profissional e académico mais detalhado ao consultarem a minha biografia oficial, bem como o resto do site.